domingo, 3 de fevereiro de 2013

"Macbeth ao Rato"





Viriato Soromenho-Marques, no DN 2.2.2013

"Macbeth ao Rato"

Era Churchill quem dizia que os inimigos se encontram dentro do mesmo partido. O conflito entre visões do mundo, por muito duro que seja, define apenas adversários. A hostilidade é mais íntima. É entre indivíduos que disputam o mesmo espaço vital. Que partilham uma ambição, onde dois é já uma multidão. Pedro da Silva Pereira - que durante muitos anos parecia ser uma espécie de alter ego de Sócrates incapaz de sobreviver na ausência deste - aceitou iniciar uma pequena tragédia no Largo do Rato. Fez o papel das três bruxas sinistras que profetizam o regicídio, no Macbeth, de Shakespeare. Mas nem António José Seguro é o dócil rei que se deixa apunhalar nem António Costa parece disposto a entrar no jogo urdido pelos barões socialistas que, sem nunca terem pedido desculpa por terem lançado o País nas mãos da troika e dos seus representantes permanentes em Lisboa, já se apressam a correr para uma oportunidade de mais lugares de mando. Lugares que não merecem pela manifesta incompetência e falta de mérito. A política portuguesa tem uma lei fatal, a da alternância. Mas quem estiver à frente do PS, na altura em que este partido voltar ao Governo, não terá possibilidade de errar. Nessa altura, a verdadeira tragédia será a de um país empobrecido e dilacerado. Quem quiser brincar a Macbeth, em vez de se assumir como o rosto de uma esperança sólida e mobilizadora do melhor da sociedade portuguesa, acabará por ser devorado pela sua própria ambição.

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