sábado, 6 de agosto de 2011

Neste fim de semana, a Senhora da Guia, em Loriga.

Santuário da Senhora da Guia, em Loriga
   Depois de uma bela descrição sobre a Senhora da Lomba, os seus bois e Sopas, em Pinhanços, a Senhora Professora Doutora Maria Lúcia de Brito Moura, na sua essencial e apaixonante obra “O Concelho de Seia em Tempo de Mudança – Dos finais do século XIX ao desabar da 1.ª República”, numa edição conjunta da Escola Secundária de Seia e da Câmara Municipal de Seia, nas páginas 231 e seguinte, escreve…

“Nestas festividades populares o tempo ia introduzindo alterações e dando origem a novos cultos, mais de acordo com novos tipos de vida que tornavam necessário um outro género de auxílio. Dir-se-ia que os santos antigos não encontravam solução para os novos problemas. A necessidade de andar por este mundo, no comércio, ou de partir para terras distantes no sonho de melhor vida, fez nascer em Loriga, no último quartel do século XIX, um culto adaptado a um povo que emigrava ou alimentava em si o sonho de partir. Na década de oitenta do século passado passou a venerar-se aí a Senhora da Guia. Muito em breve, graças a subscrição aberta entre o povo, uma pequena ermida alvejava entre os pinheiros, recebendo a despedida dos que partiam. Os “brasileiros” tinham por ela uma especial devoção, pelo que foram alindando a capela e o terreiro de frente. Mas também o povo não esquecia a sua generosidade cantando:

Nossa Senhora da Guia
A vossa ladeira mata
Dai saúde aos brasileiros
Que deram a cruz de prata.

   Numa solidariedade maior que a extensão do Atlântico que dividia as duas comunidades, o culto da Senhora da Guia alargou-se às zonas de residência desses emigrantes. No dia em que se celebrava a festa em Loriga, nas cidades de Manaus e de Belém do Pará havia festa idêntica, com os mesmos cânticos, numa comunhão de sentimentos que ajudava a acalmar a saudade da terra e da família.”

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