quarta-feira, 25 de abril de 2012

O meu 25 de Abril

Eu no meu 1974



O meu 25 de Abril de 1974, foi essencialmente passado a dormir. Recordo algumas confusões políticas e até de estar presente em vários comícios históricos, como o 1.º de Maio de 1974 ou o comício de Pinheiro de Azevedo, ladeado por Mário Soares e Francisco Sá Carneiro.

O meu 25 de Abril é diferente, é uma enorme gratidão à minha gente, o meu povo português e do qual sou um insignificante grão, personificada inicialmente nos Capitães de Abril, por poder exercer os meus direitos e deveres enquanto cidadão. Muito do que hoje é vulgar, comum, dado como certo não foi antes, veja por exemplo que a própria Amnistia Internacional surgiu de um simples advogado que um dia abriu um jornal e que viu que alguns estudantes portugueses tinham sido presos por celebrar a Liberdade.

Antes do 25 de Abril de 1974, éramos governados por um regime imposto por militares e sob a sombra de um homem que todos consideravam iluminado, poupado, justo. Esse mesmo homem que permitia monopólios; que se gabava de sermos senhores de terras até Timor, mas que deixava um povo sem instrução e descalço. Um homem que era Professor de Finanças Públicas, mas perseguia todos os que falassem no conceito de inflação. Justo, mas que não admitia outro que não ele a mandar e que tinha presos políticos. Gostem ou não e apesar de todas as virtudes apregoadas e reconhecidas a António de Oliveira Salazar, para mim ele será sempre o que qualifico de ‘patego’. Isto claro é dito por um fedelho que nasceu no ano em que faleceu Salazar, mas é a minha opinião em LIBERDADE. A minha língua é das melhores fortunas do meu povo, sendo a 3.ª língua mais falada no Twitter. E o meu país é o maior país da Europa se medirmos o seu tamanho marítimo, mas a sua maior fortuna é ainda o meu povo e a minha gente.

Os anos que se seguiram foram de alguma bandalheira. O Poder não caiu na rua, mas andou a raspar solas. Uma bandalheira natural, pois Portugal colonizou atrapalhado e descolonizou atrapalhado. Deixámos de um momento para o outro de ter uma classe política e substituímos a referida classe por exilados, presos políticos e militares. Foi natural.

Hoje, Portugal tem direitos e deveres. Vê-se numa crise, quer por má gestão interna de anos, quer por má gestão externa e não vê rumo. Vê os seus emigrarem em grande número e a envelhecer como nunca antes… Muito está mal, muito continua a ser preciso fazer, mas temos em nós toda a LIBERDADE e o DEVER de o fazer.

Enquanto cidadão, choca-me a falta de participação dos cidadãos na sociedade, nas freguesias, nas igrejas, nos clubes. Choca-me a indiferença, esbatida na busca de um novo telemóvel ou de outro bem. Choca-me que também se fale muito no Facebook e se organizem manifestações, mas que diariamente as pessoas não procurem individualmente saberem mais sobre os seus direitos, deveres e possibilidades de mudarem a sua própria vida e a vida dos outros. Vivemos todos cada vez mais em solidão, espero que isso não dure para sempre sobre o perigo de alguns abusarem da Democracia e começarmos a ver os extremismos a crescerem em Portugal, como hoje vejo na França, na Holanda e na Grécia, acumulando todas as vontades daqueles que não se revêem na Democracia e a serem vistos como os honestos, os justos e os correctos…

Obrigado Portugal. Obrigado Capitães de Abril. Obrigado àquela maravilhosa madrugada de Abril.



4 comentários:

  1. BOM DIA!
    Permita-me que entre no seu espaço somente para lhe dizer, que sublinho totalmente tudo o que acima escreveu,talvez,levada pela emoção,não me contive!
    Desculpe...
    Muito obrigada pela partilha.
    Um bom feriado
    Atenciosamente.

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  2. Tocada! É isso mesmo! Obg por mais esta partilha!

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  3. Joao belo comentário, é exatamente isso. Parabéns um abraco

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  4. Parabéns Dr. João, pela clareza das suas ideias, pela beleza do seus sentimentos.

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