sábado, 16 de março de 2013

O Bom Aluno.


"O costume português é deixar-se tudo em palavras mas palavras que são bolas de sabão deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos." FLORBELA ESPANCA


O Bom Aluno

Durante anos Portugal e os restantes países europeus cumpriram o que a CEE e a União Europeia, posteriormente, mandou. Usufruiu de fundos estruturais para destruir a Indústria e a  Agricultura. Normalizou os produtos, destruindo consecutivamente toneladas de alimentos, enquanto parte do Mundo morria de fome. A Europa tornou-se uma “Fábrica de Serviços”, mas esqueceu-se que esses serviços são muito mais baratos noutras partes do Mundo, onde se troca tudo, até a vida, por uma tigela de comida. Esse Mundo onde a sobrevivência é fundamental, os valores humanos e sociais ficaram sempre para segundo plano, pois lá até o número elevado de população reduz o valor de cada unidade humana. Lá, as pessoas são estatística. Na Europa, as pessoas só foram estatística nas fases mais negras da sua História.

Durante o fruto de subsídios a fundo perdido para abate de empresas e sectores produtivos, surgiram alguns “espertos” que do nada fizeram fama e fortuna. O Poder Político e o Dinheiro Fiduciário começaram a confundir-se em concursos e parcerias público-privadas claramente lesivas do Estado Português, com insuportáveis juros e ruinosos custos. Não falando em bancos com falências que nem a fortuna de Ali-Ba-Ba pagaria…

A Europa vive agora no Norte com os juros da dívida do Sul e nessa agonia terminará, quando o Sul já não conseguir comprar produtos ao Norte e pagar-lhe os juros. Faz falta a imaginação do Renascimento e gente à altura das circunstâncias, mas a Europa é liderada por quem nunca teve problemas na vida e que vê a sua vida pessoal melhorar quando assume as lides do Poder.

O Estado Social deixou de ter fontes, como os descontos de empresas e empresários e corre sérios riscos de ruir, pondo em causa reformas e outros subsídios que suportem aqueles que sempre trabalharam e que agora não podem.

O Estado e os seus agentes não tem coragem de renegociar os negócios que o lesaram e prefere sacrificar os cidadãos que sempre confiaram nele. Alguns têm uma bela solução chamada Revolução… e depois?...

Do outro lado do Mundo, a Europa comprou pelo barato o que lhe vai sair caro. Não exigiu Direitos Humanos, melhoria das condições de trabalho e melhorias sociais. Também eles cairão, quando os europeus deixarem de comprar, pois o continente americano está mais forte com a emergência do Brasil e só situações como a Argentina, a Venezuela e pouco mais, exigem cuidados. A América não vai comprar tanto como os europeus, pois geneticamente resolve os seus problemas sozinha desde que é América. A África será um mau investimento para a China, no momento em que começar a lidar com certas “Democracias” e a reparar que toda a fortuna se concentra em poucos. Nenhum mercado sobrevive sem compradores, por mais vendedores que hajam…

Só há compradores suficientes se as assimetrias entre cidadãos e classes sociais se mitiguem, não perdendo os que menos têm a esperança de enriquecerem e os que mais têm, de terem mais.

O Estado, apenas no meu entender, serve e apoia os cidadãos nas áreas em que eles não têm poder suficiente para se assistirem e deve desaparecer quando o cidadão tem essa capacidade. Quando há bonança na sociedade o Estado deve cobrar impostos, mas manter-se distante ou mais afastado e quando há carestia, o Estado deve ter uma boa almofada social. Durante anos, na bonança o Estado usou todo o dinheiro que tinha para sustentar uma economia em obras de regime e agora que esse dinheiro é necessário, pura e simplesmente, não existe.

Eis a vida de um bom aluno… PORTUGAL.


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