"O costume português é deixar-se tudo em palavras mas palavras que são bolas de sabão deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos." FLORBELA ESPANCA
O Bom Aluno
Durante anos Portugal e os restantes países
europeus cumpriram o que a CEE e a União Europeia, posteriormente, mandou. Usufruiu
de fundos estruturais para destruir a Indústria e a Agricultura. Normalizou os produtos, destruindo
consecutivamente toneladas de alimentos, enquanto parte do Mundo morria de
fome. A Europa tornou-se uma “Fábrica de Serviços”, mas esqueceu-se que esses
serviços são muito mais baratos noutras partes do Mundo, onde se troca tudo,
até a vida, por uma tigela de comida. Esse Mundo onde a sobrevivência é
fundamental, os valores humanos e sociais ficaram sempre para segundo plano,
pois lá até o número elevado de população reduz o valor de cada unidade humana.
Lá, as pessoas são estatística. Na Europa, as pessoas só foram estatística nas
fases mais negras da sua História.
Durante o fruto de subsídios a fundo perdido
para abate de empresas e sectores produtivos, surgiram alguns “espertos” que do
nada fizeram fama e fortuna. O Poder Político e o Dinheiro Fiduciário começaram
a confundir-se em concursos e parcerias público-privadas claramente lesivas do
Estado Português, com insuportáveis juros e ruinosos custos. Não falando em
bancos com falências que nem a fortuna de Ali-Ba-Ba pagaria…
A Europa vive agora no Norte com os juros da dívida do Sul e nessa agonia terminará, quando o Sul já não conseguir comprar produtos ao Norte e pagar-lhe os juros. Faz falta a imaginação do Renascimento e gente à altura das circunstâncias, mas a Europa é liderada por quem nunca teve problemas na vida e que vê a sua vida pessoal melhorar quando assume as lides do Poder.
O Estado Social deixou de ter fontes, como os
descontos de empresas e empresários e corre sérios riscos de ruir, pondo em
causa reformas e outros subsídios que suportem aqueles que sempre trabalharam e
que agora não podem.
O Estado e os seus agentes não tem coragem de
renegociar os negócios que o lesaram e prefere sacrificar os cidadãos que
sempre confiaram nele. Alguns têm uma bela solução chamada Revolução… e
depois?...
Do outro lado do Mundo, a Europa comprou pelo
barato o que lhe vai sair caro. Não exigiu Direitos Humanos, melhoria das
condições de trabalho e melhorias sociais. Também eles cairão, quando os
europeus deixarem de comprar, pois o continente americano está mais forte com a
emergência do Brasil e só situações como a Argentina, a Venezuela e pouco mais,
exigem cuidados. A América não vai comprar tanto como os europeus, pois
geneticamente resolve os seus problemas sozinha desde que é América. A África
será um mau investimento para a China, no momento em que começar a lidar com certas
“Democracias” e a reparar que toda a fortuna se concentra em poucos. Nenhum
mercado sobrevive sem compradores, por mais vendedores que hajam…
Só há compradores suficientes se as assimetrias
entre cidadãos e classes sociais se mitiguem, não perdendo os que menos têm a
esperança de enriquecerem e os que mais têm, de terem mais.
O Estado, apenas no meu entender, serve e apoia
os cidadãos nas áreas em que eles não têm poder suficiente para se assistirem e
deve desaparecer quando o cidadão tem essa capacidade. Quando há bonança na
sociedade o Estado deve cobrar impostos, mas manter-se distante ou mais
afastado e quando há carestia, o Estado deve ter uma boa almofada social.
Durante anos, na bonança o Estado usou todo o dinheiro que tinha para sustentar
uma economia em obras de regime e agora que esse dinheiro é necessário, pura e
simplesmente, não existe.
Eis a vida de um bom aluno… PORTUGAL.
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