Vossa Excelência, o Sr. Raphael Minder, com a ajuda fotográfica do Sr. João
Pedro Marnoto, decidiu hoje dedicar-se a falar sobre os portugueses e Portugal
na 1ª e 3ª páginas da Edição Internacional do “New York Times”. É simpático da
parte do referido Senhor que desconheço, mas que aparentemente me conhece tão
bem, pois não há dia que eu não me chame e considere burro, embora não queira
morrer como tal. A morrer gostaria de morrer no corpinho que devo aos meus pais
ou como golfinho ou cavalo, pela estima que sempre tive por estes, sendo o
golfinho muitíssimo mais inteligente e esperto que eu.
Mesmo assim, tenho uma estima pelo burro, pois é um animal
que me recorda muito do muito pouco que sei da minha família paterna. Recordo
que o meu avô paterno, moleiro e agricultor, tinha um burro e uma carroça e que uma ou duas vezes na
vida, me transportou na dita e comigo a guiar. Foi algo que adorei, pois mais
do que a satisfação de guiar o animal foi ver o sorriso único, são e delicioso
do meu avô paterno, de quem quase nada sei, mas que aquele sorriso deixou-me
sempre a melhor das impressões do mesmo. Na minha vida, viu-o menos vezes que os
dedos de uma mão embora tenha estado no seu enterro.
Suponho assim que não me conhecendo, nem conhecendo a má
impressão que os portugueses nutrem pelo animal que nos Estados Unidos da
América é símbolo de um dos seus principais partidos, suponho que o Sr. Minder
procura externamente a notoriedade que não obtém em casa, seja nacional ou
sexual, mas como português estarei sempre ao seu dispor para lhe explicar quem
são os meus compatriotas e o meu país. Poder-lhe-ei ainda explicar o que são “Activos
Tóxicos” e o que eles fizeram pelos Estados Unidos da América e à sua Economia
nos últimos anos. Pela admiração que tenho pelos americanos, por todos os
outros povos e pelo amor que devo aos meus e ao meu país espero que o Sr.
Minder disponha sempre de mim, mesmo que eu não possa dispor da mesma
boa-vontade e educação por parte do Senhor.
Com os melhores cumprimentos,
João Carreira
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