sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tecnologia Versus Liberdade



Há alguns dias, houve uma palestra “on-line” de David Pogue, famoso colunista de tecnologia do New York Times. entitulada  “All I want for Christmas, Hanukkah, Kwanzaa“,a respeito das últimas novidades tecnológicas do mercado. Entre cantar e falar sobre livros, comida, etc. David falou de que cada vez mais a Humanidade busca mais Funcionalidade, Eficiência e Eficácia. Sendo a eficiência, trabalhar bem; e a eficácia, conseguir atingir os objectivos.

Funcionalidade e Eficiência
Hoej é possível escrever um texto grande no iphone encaixado num aparelho que funciona, ao mesmo tempo, como carregador de bateria e caixa de som. Usando a aplicação “Pandora“, um rádio “inteligente”. Pode digitar um texto e, ao mesmo tempo selecionar o seu músico favorito no Pandora, e o programa tocará as melodias deste.
Não precisa perder tempo escolhendo as músicas uma por uma, nem colocá-las no aparelho. Chama-se a isto, “terceirizar” a tarefa.


Terceirização
Por exemplo, se for contabilista pode terceirizar a escrita de uma empresa a outra e essa a outra… Claro que não lhe sugiro terceirizar um filho através de uma barriga de aluguer, mas Vossa Excelência é que sabe da sua vidinha.
Com os avanços da tecnologia, basta-nos colocar lambretes no telemóvel, no computador ou no GPS. O mesmo acontece com vários documentos, que podemos digitalizar e que podem andar sempre connosco. Claro que isso não nos faz usar o cérebro e pode ser bastante mau para o mesmo, mas se usarmos o pensamento mais eficientemente, poderemos ser mais eficazes e pouparmos muito tempo. Existem hoje imensas aplicações para telemóvel, desde a bússola, passando pelo scanner, dicionários e acabando no “Dragon Dictation” da Apple, que lhe permite ditar um texto e obtê-lo por escrito, sem muito esforço.


Fragmentação
Por outro lado, nem tudo são rosas. Passámos a fragmentar o essencial e a colocar de lado certas regras essenciais de educação. Por exemplo, dou comigo numa conversa entre amigos, a sacar do telemóvel e a enviar esta ou aquela mensagem sem dar por isso, nem pedir a necessária licença digna do trato social. Por exemplo, nas escolas e no trabalho é fácil abstrairmo-nos e irmos ao telemóvel ou ao computador tratar deste ou daquele assunto…ou para mera distração. A comunicação perdeu imenso, desde que nós e as crianças passámos a ficar muito tempo frente ao televisor. As pessoas conhecem-se menos e apesar de tantas redes sociais, conhecem-se cada vez menos. Perdemos atenção e dedicação às coisas que temos em mão. Usamos a superficialidade do momento e até as maiores desgraças humanas na televisão parecem um filme virtual. Ficamos viciados na gratificação instantânea de um “Like” ou “Gosto” no Facebook.
No segredo da nossa mente estamos com os dias contados, pois são cada vez mais os que guardam os pensamentos no Facebook, em blogs, no computador e no telemóvel.
 Hoje, a nossa vida está grande parte em aparelhos digitais como uma extensão da memória:   interesses, ideias, gostos, atitudes, fotografias de família, cartas de amor, relatórios financeiros, dados do banco, do cartão de crédito, informações médicas ou segredos. As fronteiras do pensamento nunca estiveram tão ténues.
A bola de neve do caso Wikileaks” cresce, com novidades picantes a cada dia e dando origem a sites espelho e imitação do original.
Apesar de curiosa por natureza e, como todo mundo, acreditar que o governo (pela gente, para a gente) nos deve muitas explicações, acho questionável a divulgação pública, irrefletida de segredos, cenários e bastidores de negociações, que podem colocar a vida de pessoas e o futuro de nações em perigo.
O caso serviu também para levantar uma bandeira vermelha aos riscos que enfrentamos com a digitalização das nossas vidas. Se acontece com governos, o que pode acontecer com cada um se informações só nossas e intímas caírem em mãos erradas? Imagine a fotografia da sua filha , mulher ou mãe em sites de pornografia e pense um pouco antes de divulgar o que quer que seja sobre os que ama.

Em setembro, a Associação Nacional de Advogados Criminais de Defesa (NACDL – National Association of Criminal Defende Lawyers) deu entrada numa ação judicial contra a política do Departamento de Segurança Nacional (DHS – Department of Homeland Security), que permite que os agentes da fronteira façam uma busca completa em câmeras, telemóveis, computadores e seus acessórios, podendo, inclusive, copiar dados e confiscá-los, sem explicação, mandado judicial ou qualquer motivo razoável para suspeita, pois viola a privacidade e a dignidade, garantida pela 4ªemenda da Constituição, criada para proteger as pessoas. Num país onde a Constituição é a bíblia, conduzir uma busca num aparelho que carrega todo tipo de segredo e informação pessoal é uma grave violação de direitos civis.
Muita gente concorda em abrir mão da privacidade, em determinados casos, para um bem  maior da comunidade. Mas, numa democracia, espera-se que haja respeito, ao menos, uma razão concreta e que respeite a Lei de todos. Entretanto, complexos programas de criptografia e codificação são cada vez mais procurados pelas pessoas, para proteger o que resta da sua privacidade digital… O que nem sempre funciona.

Com o enorme salto tecnológico dos últimos anos, vamos ver como fica a nossa privacidade e o enorme valor da Liberdade.

 

2 comentários:

  1. "O enorme valor da Liberdade",já foi...em todos os campos ditos;tecnológicos,morais e civis.
    Dentro de poucos anos,talvez,pelo que tenho lido,e leio alguma coisa, a Humanidade entra num "afundamento total"!

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  2. Muito Obrigado pela visita e votos de um excelente fim de semana. ...Mesmo assim haja esperança!


    João Carreira

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