domingo, 7 de outubro de 2012

Sobre Um Forno de Loriga...



Por Estes Dias

A população da vila de Loriga, viu tristemente desaparecer mais um dos seus emblemáticos fornos. Entristece-me e estou solidário com a maior parte do teor da carta aberta do Sr. Dr. Augusto Moura de Brito, publicada no seu muito interessante blog, particularmente no seguinte ‘link’: http://aloicaeoscacos.blogs.sapo.pt/6134.html 

As linhas que se seguem não são para condenar ninguém, pois servem apenas para defender uma associação de loriguenses que faz o que pode para promover Loriga, a sua gente, os seus produtos e a sua beleza.

Vi e li os comentários tecidos no Facebook e correctamente transcritos para o blog “ A Loiça e os Cacos”. Declaro já e para que não haja alguém que veja algo, que sou parente do Dr. Moura de Brito e independentemente desse facto, nutro admiração e estima, desde sempre.

Mas, cumpre por saber e dever, esclarecer algumas das críticas tecidas à Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga, atinentes ao forno colado à loja do Senhor Orestes. 

Esclareço que não sou membro de assinalável relevo na citada Confraria, pago as minhas quotas como pago as quotas de outras associações de Loriga, sendo que neste momento estou em dívida com o Grupo Desportivo Loriguense, a Associação de Apoio à Terceira Idade e à Irmandade das Almas, mas que em breve e apenas por culpa minha e da minha organização pessoal, saldarei as minhas dívidas.

 Em todas as associações de que faço parte, tenho apenas um papel de mero membro igualzinho à maioria dos associados. Gosto, no entanto, de participar, pois se sou membro tenho o dever de dar o melhor pelas associações a que pertenço…

No que toca à Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga, encontro nela várias vantagens e desvantagens inerentes à sua própria natureza, como em tudo. Tem muito poucos associados, mas mesmo assim envolve-se em vários projectos, alguns de notoriedade a nível nacional, como por exemplo, participando na salvaguarda das receitas tradicionais de Loriga, com o original livro, “Loriga, Sabores de Sempre” (http://www.confrariadeloriga.org/?page_id=1110 ), criando rotas e passeios à volta de Loriga, criando concursos como um cartaz em parceria com o Agrupamento de Escolas de Loriga, organizando parcerias com outras associações, como por exemplo a Exposição fotográfica e os vários debates que ocorreram em parceria com a ANALOR, da qual também sou associado, e o Museu de Cerâmica de Sacavém ou o procurando salvaguardar o património de Loriga, como a generosa oferta do espólio fotográfico do Sr. José Cardoso de Pina, ou até com associações como a CAIS…

Por isso e pelo que eu vi fazer, importa dizer aquilo que sei e procurei saber e confirmar, antes de escrever…
A Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga procurou saber quanto poderia custar e valer o imóvel do forno junto à estação dos CTT, em Loriga. Não andou a ver onde andavam os outros, para os criticar. Fiquei a saber, no entanto, que o valor pedido era 6 a 7 vezes superior à casa da Senhora D. Alice de Almeida, recentemente vendida e que a Confraria não poderia suportar esse valor, pois tem poucos associados e a quota dos seus associados é reduzida e até simbólica. No entanto, não afastou a hipótese, tendo estado a estudar formas de se financiar, nomeadamente utilizando fundos da União Europeia adequados ao efeito pretendido.
Acrescento ainda, que muitos dos poucos membros da Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga, viram com imenso agrado a ideia do amigo e loriguense Carlos Cardoso Amaro, embora não confrade, no sentido de salvar e preservar um dos moinhos de água ainda existentes em Loriga, para que os mesmos não desapareçam.

Este texto mal alinhavado, mas espero que bem entendido, não pretende atacar ninguém, mas esclarecer qualquer dúvida de quem não se informou e condenou logo a Confraria da Broa e do Bolo Negro de Loriga. Julgo que todos devemos procurar nos outros o que nos une e não razões para nos desunirmos por muito diferentes ou especiais que nos achamos. 
Da minha parte e na minha insignificância, está tudo dito. Ponto final.

João Carreira



4 comentários:

  1. Primo João Carreira…
    Fico satisfeito com a tua resposta, pelo facto de vislumbrar na tua narrativa, uma opinião construtiva e meritória. Na nossa carta, aquilo que pretendíamos e ainda pretendemos, era a salvaguarda de uma memória e de um património das gentes de Loriga, ao mesmo tempo alertar para a especulação imobiliária e, exigir do poder autárquico, uma posição de considerar o forno, próximo do senhor Orestes, património municipal. Em consequência disso, ninguém ousasse violar o imóvel e por conseguinte fazer baixar o seu preço.
    Quanto à alusão da Confraria, apenas a associei à temática, visto ser o conteúdo da narrativa um dos seus sujeitos e à utilização da expressão: “Onde anda a confraria da broa? A dita confraria que por acaso é da broa e do bolo negro se calhar não sabiam que era aqui que terminava o ciclo do pão!” um sentimentos de amigos de Loriga.
    Um ab,
    Augusto Moura Brito
    7 outubro 2012

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  2. É sempre um gosto ler os teus post's e torna-se duplamente interessante quando nos trazes novidades deste teor ;)
    Fiquei triste com a notícia do forno, mas também me entristeceram as dissertações, publicações e outras que tais, sem nunca se ter pensado nos novos proprietários. Alguém pensou neles enquanto tornava público a sua opinião? Quase pareceu que tinham cometido um crime...(coincidências...de repente tanto interesse pelo forno..). Boa semana Amigo. Bjs p Ti

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  3. Caro Primo,

    Relativamente à nossa conversa, eu concordo em tudo, apenas sabia do que a Confraria tinha andado a tentar fazer, mas como já nem me lembrava muito bem da história, pois desde que eu sou membro da Confraria oiço falar nos fornos e na compra de um moinho e portanto andei a informar-me antes de escrever ou dizer algo. E concordo com a maioria, sendo que a critica feita só tem razão de ser para quem desconheça o que se passou e não é preciso sequer saber fazer pão, para se saber para que serve um moinho...

    Agora o que importa é salvar o futuro. Por outro, lado convém sempre salvaguardar e respeitar a propriedade privada, da mesma forma que ninguém gosta que violem a sua.

    De resto, tirando o que se perdeu e é muito, está tudo bem. Muita coisa há a fazer por Loriga e são muitos os interessados, haja acção. Da minha parte colaborarei sempre que necessário e nunca será a distância a minha desculpa.

    Um Abraço,

    João

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  4. Olá, Nádia!

    Que bom ter a minha amiga sempre espiritualmente por perto :)) Espero que tudo esteja bem contigo e com os teus sócios e restante família.

    Realmente, todas as questões têm pelo menos dois lados e muitas vezes um dos lados não é ouvido ou é mal interpretado.

    Por um lado, procura-se salvar o passado. Por outro lado, procura-se construir o futuro. Seria interessante saber equilibrar os dois pratos da balança e chegar a um consenso para o futuro. Todas as modificações são polémicas e não só em Loriga, por outro, lado vemos as fábricas de Loriga em ruína e nada se vê fazer.

    Beijinhos, abraços e tudo do melhor, para Nádia&C.ª, Ilda. :))

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