segunda-feira, 17 de março de 2014

A Despropósito


( Respondendo ao desafio do amigo António Roças Roberto, no Facebook)

A despropósito…

Adoro quando o dia é azul… ou de um cinzento intenso…

Adoro lençóis de linho, de cetim ou de algodão com cheirinho a sabão “azul-e-branco”.
De acordar e ir beber água.
De acordar com o toque de uma simples tecla de um piano ou o choro de um violino.
De tomar um longo banho e de teimar sempre em prolongá-lo.
De lavar a face várias vezes ao dia.
De constantemente lavar as mãos.
De ver o correr da água pelos dedos da mão.
Do perfume que fica no ar quando acaba de chover.
Do pão quente, estaladiço, acabado de sair do forno.
De ver derreter a manteiga ou o doce sobre o pão.
De picar o ovo escalfado.
De um aromático chá.
De um intenso café.
De um copo de sumo.
Do silêncio dos lugares vazios.
Da alegria dos lugares cheios.
De cozinhar.
De todas as manhãs do mundo.
De encher os pulmões com ar.
Do chilrear dos pássaros.
Das Estações do ano.
Do dia.
Da noite.
Da manhã.
Do amanhã e do depois.
Do arco-íris.
Das cores.
Da chuva.
De rir.
Do meu constante descontentamento.
Do nascer e do mirrar na natureza.
De semear e colher flores.
De relâmpagos, mas não dos trovões.
Da Saudade.
Da ânsia do Futuro.
Do Presente.
De Janus.
De dar presentes.
De não sentir dores.
Do sorriso de todas as crianças.
De beicinhos nas meninas e nas senhoras.
Das ruas limpas.
Das pessoas compostas e asseadas.
Do “combíbio”.
Do “Joyeux de Vivre” dos outros.
Do “Quickening” em mim.
Da constante eudaimonia.
Do asseio verbal e das palavras bem ditas.
De quando enrolo as palavras e as letras…
De Amar, beijar, abraçar prolongadamente…
De um passou-bem com mão firme e açambarcado.
De amar cada vez mais quem perdi e quem vou conhecendo.
De nunca me avezar a atar os sapatos com a mão direita.
Do vento da Serra a tocar no rosto.
Das mãos enterradas na neve.
Dos melros no jardim do meu avô.
Do cheiro de uma maçã acabada de cortar.
De pensar, ler, ver, andar, mexer, tocar, ouvir, cheirar e sentir.
De livros.
De argumentar.
De escrever.
De desenhar
De sonhar.
De desafiar.
De realizar e atingir.
Do sabor do vinho.
De fazer vinho.
De conhecer as videiras como cada canto das minhas mãos.
Do acordar da terra visto do mirante de Loriga…
Do anoitecer no Castelo de Lisboa.
De cada segundo no rochedo de Dover.
De todos os lugares.
De viajar.
De partir sem destino e hora para chegar.
De montar a cavalo.
De cavar terra.
De chorar de alegria.
De mergulhar no mar e ao erguer dele levar com uma onda na face.
De quando me sinto muito forte, levar um abanão da vida.
De quando estou fraco, alguém me erguer.
De procurar a importância do tudo no nada e do nada no tudo.
De viver com vontade e intensamente…
…e de me aturarem até esta linha…
Adoro e “prontos”!!...

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